Rigidez do governo húngaro incomoda "caravana" da categoria; já o Brasil deve ficar fora pela primeira vez desde a prova extra-oficial em 1972.
A notícia vem ventilando nos paddocks e até confirmada pelo GPDA, que é a Associação dos Pilotos de Grand Prix, de que a F1 poderá correr novamente no Red Bull Ring neste fim de semana por conta da enorme rigidez das regras para a realização do GP da Hungria neste fim de semana.
As autoridades húngaras estabeleceram diversas restrições a cidadãos de países que não fazem parte da União Europeia. Por ter saído da União, a Inglaterra, onde fica a maior parte das equipes de F1, entrou nessa lista rígida onde é proibido sair do hotel ou da pista, com penas que podem ir de 15 mil euros (cerca de 100 mil reais) a prisão.
“Preferimos fazer dez GPs no Red Bull Ring do que andar em lugar nenhum” – Alex Wurz, presidente da GPDA
Para se ter uma ideia, sete das dez equipes, fora a própria organização da F1 e boa parte dos membros da FIA (Federação Internacional do Automóvel), são cidadãos britânicos – fora metade do grid, pois apenas dez pilotos são isentos: Valtteri Bottas, Sebastian Vettel, Max Verstappen, Carlos Sainz, Pierre Gasly, Esteban Ocon, Kimi Raikkonen, Antonio Giovinazzi, Romain Grosjean e Kevin Magnussen.
Entre as duas primeiras corridas, onde os pilotos tiveram de seguir um protocolo de permanecerem na Áustria, Charles Leclerc retornou à Mônaco e foi visto em uma galeria de arte e em um restaurante, sem respeitar o distanciamento social. Já Valtteri Bottas também retornou para Mônaco, mas não saiu.
Internamente, a FIA deu uma bela puxada de orelha em Leclerc, enviando uma carta exigindo que todos dentro da equipe sigam o chamado Código de Conduta, o que já havia acontecido durante o fim de semana da primeira etapa, quando Sebastian Vettel foi visto sem máscara conversando com Christian Horner e Helmut Marko. Por ter ficado em casa e feito exames subsequentes, Bottas não levou nenhum puxão de orelha.
No entanto, a rigidez dos húngaros com os estrangeiros faz a F1 considerar explicitamente uma terceira corrida austríaca. Em entrevista à emissora ORF, o ex-piloto Alexander Wurz, presidente da GPDA, diz que essa possibilidade não só é discutida, como apoiada pelos pilotos se necessário.
“Chase Carey [um dos chefões da F1] me perguntou o que os pilotos achariam de um terceiro GP da Áustria. Eu disse para ele que, se for essa a solução, os pilotos podem correr dez GPs ali. Preferimos andar no Red Bull Ring do que em lugar nenhum. A opção é possível e pode ser exercida a qualquer momento, uma vez que todos os equipamentos e o pessoal estão aqui.”
Falando em alterações no calendário, a FIA anunciou a realização do GP da Toscana, no circuito italiano de Mugello, no dia 13 de setembro para comemorar o 1000º GP da Ferrari, proprietária do autódromo. Além de Mugello, o GP da Rússia, em Sochi, mantém sua data original, 27 de setembro – esta será a primeira corrida na qual os equipamentos vão via aérea.
Com isso, temos dez corridas já confirmadas até setembro e outubro pode contar com mais três, sendo duas novas: Algarve, em Portugal, Xangai, na China, e Hanoi, no Vietnã. A dúvida está, em sua maior parte, sobre as provas na América em novembro, nos EUA, México e Brasil.
No entanto, infelizmente, deveremos ficar sem o GP do Brasil pela primeira vez desde a prova extra-oficial em 1972 e pistas europeias devem ocupar essas vagas – Ímola e Hockenheim estão na fila de espera -, com o Bahrein realizando duas provas (em 29 de novembro e 6 de dezembro) antes da finalíssima em Abu Dhabi no dia 13 de dezembro.