A marca carrega o peso de ser uma das maiores vencedoras de corridas da F1, apesar de não estar em um bom momento. Mas seus carros de rua mostram que o DNA esportivo está vivo. É assim com o 600LT, um carro que adora pistas e desafios em altas velocidades. Por: Caio Moraes | Fotos: Fernanda Freixosa/McLaren Eurobike
Com desempenho de vendas surpreendente, a McLaren já vendeu 20 unidades desde a abertura da sua loja, em maio de 2018, até janeiro de 2019. O que mostra que o Brasil é um país de múltiplas facetas. Mas talvez tão importante quanto esse número de vendas é a chegada do modelo 600LT (o LT é de longtail, denominação que a empresa usa para seus carros semipista), uma evolução do 570S Coupé. Partindo dessa base, ele estabelece uma nova referência como o mais rápido, potente e focado nas pistas – ainda que homologado para as ruas – entre os McLaren Sports Series. É mais leve, tem maior carga aerodinâmica e é mais exclusivo, por conta do volume de produção limitado.
O principal diferencial dos McLaren é seu conceito produtivo; em vez de alumínio, seu monocoque é construído inteiramente em fibra de carbono, que tem na rigidez e leveza suas grandes vantagens. Um carro com esse tipo de chassi tem respostas mais rápidas e eficazes – pela ausência de torção – do que os construídos com outros materiais, fato importantíssimo para as pistas.
“O que ajuda muito na eficiência das suas frenagens, por exemplo, é a maior carga aerodinâmica”, destaca Bruno Bonifácio, gerente Geral da McLaren São Paulo. “Quanto maior ela for, mais o carro fica colado no chão, e mais tarde você pode frear na chegada de uma curva. Essa carga também ajuda na sua velocidade de contorno, que será mais rápida e mais segura”.
Há outros itens que colaboram para sua eficiência dinâmica, como o fato dele ter componentes da suspensão do seu “irmão mais velho”, o 720S. Ele é mais largo, mais longo e 96 kg mais leve (1.247 kg) do que o McLaren 570S, atributos que favorecem uma performance superior.
O tipo de pneu utilizado também é diferenciado. A Pirelli o fez sob medida, com comportamento projetado tendo como foco a pista: o “semi-slick” P Zero Trofeo R – 225/35 R19 na frente e 285/35 R20 na traseira. Ele é tão voltado para o altíssimo desempenho, que precisou ser substituído pelo P Zero “normal” para o 600LT poder rodar em segurança no molhado, já que choveu no autódromo no dia em que andamos no carro.
O interior pode ser considerado espartano, mas confortável para o que se propõe. Vem com bancos de corrida feitos também de fibra de carbono, com excelentes apoios laterais, como convém a um carro com as suas pretensões dinâmicas. A forração é de Alcântara, material sintético que imita camurça, visto pela primeira vez no McLaren P1.
Se o cliente desejar ainda menos peso, estão disponíveis bancos superleves, concebidos para o McLaren Senna. A empresa oferece ainda uma linha de recursos que inclui teto, arcos da capota e para-choques dianteiros de fibra de carbono.
O desempenho deriva de um motor com projeto McLaren, mas desenvolvido em parceria com a Ricardo, empresa inglesa também responsável pela sua produção. Trata-se de um V8 biturbo de 3,8 litros com sistema de refrigeração aprimorado, potência máxima de 600 cv e torque máximo de 63,2 kgfm. Sua relação peso/potência é de ótimos 2,078 kg/cv.
O carro acolhe o motorista/piloto de forma perfeita, com ótima posição de dirigir e todos os comandos à mão. O som dos 600 cv do motor surge por meio de dois escapamentos posicionados sobre a tampa traseira, logo acima do motor, o que deixa o som mais perto dos ouvidos e libera espaço na traseira para um difusor maior e mais bem elaborado. Depois de muitas voltas ao redor do 600LT, chegou a vez de dirigi-lo.
Demos duas voltas em velocidade baixa para a produção de fotografias e para um primeiro contato com esse “assustador bicho” de 600 cv. Passamos para duas voltas mais “velozes”, para termos uma melhor percepção das virtudes do carro, e a sensação foi a de segurança absoluta. As acelerações são despropositadas para um motorista comum, as marchas são mudadas muito rapidamente, mas os potentes freios dão a certeza de que estão ali para restabelecer a ordem das coisas. A direção é ágil e precisa e transmite as melhores sensações da pista para quem está ao volante.
Ainda assim, ficamos longe de saber as reais possibilidades desse fantástico esportivo. Pouco tempo para nos acostumarmos com suas reações e a responsabilidade de estarmos sentados sobre 2,7 milhões de reais colaboraram para inibir a busca de qualquer limite. Embora o carro sobre para quem não é piloto, é irrepreensível.
McLaren 600LT
>Preço R$ 2.700.000
>À venda Disponível
>Motor V8, 3,8 litros, 4 biturbo com injeção direta, potência máxima de 600 cv a 7.500 rpm, torque máximo de 63,2 kgfm entre 5.500 e 6.500 rpm
>Transmissão Automatizada de dupla embreagem e sete marchas, tração traseira
>Desempenho 0 a 100 km/h em 2,9 segundos e velocidade máxima de 328 km/h
>Suspensão Dianteira e traseira por duplo triângulo, amortecedores adaptativos
>Comp. / largura / altura 4.604 / 2.095 / 1.191 mm
>Peso / material 1.247 kg / Fibra de carbono