Pajero 2020 chega com mais recursos, inclusive eletrônicos, para manter a tradição da Mitsubishi de conforto no asfalto e eficiência fora-de-estrada. Por Josias Silveira
O Pajero continua duplamente resistente. Primeiro, tem resistido ao tempo: lançado em 1.982, continua com muitos admiradores até hoje e formou uma verdadeira família de modelos. Em segundo lugar, sempre foi um SUV completo, confortável e eficiente no asfalto, mas resistente nos caminhos e trilhas de terra ou lama, território proibido para os “SUVs de shopping”, hoje a maioria neste mercado crescente.
E agora, sua versão Sport já modelo 2.020, traz dezenas de aperfeiçoamentos, com eletrônica de última geração, mudando muito para substituir o modelo anterior, o Dakar. O novo Sport virá da Tailândia em versão única, HPE, top de linha com sete lugares. Traz ajustes personalizados para o Brasil, principalmente de suspensão. Dependendo das vendas, existe chance de ser montado na fábrica de Catalão (GO). Custando R$ 265.990 será o Mitsubishi mais caro da linha comercializada no Brasil.
Continua sendo um SUV “raiz”, com carroceria apoiada em chassis de longarinas, o que aumenta sua resistência estrutural e favorece suas boas habilidades fora-de-estrada. Claro, todos estes recursos pesam e o novo Sport foi para mais de duas toneladas (2.095 kg), distribuídos nos seus 4,78 m de comprimento.
Mesmo pesado e grande, o novo Pajero é muito agradável de dirigir, rápido no asfalto e surpreendente em trilhas de terra, principalmente pelo conforto na buraqueira. Boa parte dessa performance vem do motor diesel turbo 2.4, de quatro cilindros, todo em alumínio, que rende 190 cv. Melhor ainda é o torque, de 43,9 kgfm, que permite tanto boas acelerações no asfalto quanto força para sair de atoleiros.
Visual diferente
Já com quatro décadas de vida no mercado mundial, o Sport precisava de uma boa renovação de design para marcar sua quarta geração. Internamente a nova carroceria garante conforto, com bancos de couro, e ótimo espaço para os passageiros, inclusive no banco traseiro. Fica particularmente refinado com revestimento em couro creme. Existe acabamento em preto para quem acha que cores claras “sujam”. Claro, os dois bancos da terceira fileira são limitados. Mas, há um espaçoso porta-malas, para 971 litros, com os dois bancos extras recolhidos para o assoalho. Quando se usa os sete lugares, o espaço para bagagens fica muito reduzido.
Externamente, a frente da Pajero Sport segue os traços básicos da nova face family dos SUV da Mitsubishi, que estreou com o Eclipse Cross, chamada de Dynamic Shield. Esse frontal agressivo, cheio de traços marcantes, segundo a fabricante, têm inclusive função aerodinâmica para reduzir um pouco o arrasto da grande área.
Mas, é na traseira que mora a discórdia: longas lanternas verticais, lembrando o Toyota Prius, além de metade do estepe ficar exposto (fica alojado sob o assoalho do porta-malas). O conjunto traseiro é, no mínimo, polêmico, encontrando pouquíssimos admiradores.
Eletrônica, lama e asfalto
Para empurrar a Pajero Sport, nada como o diesel, um combustível para “pesados”. Por isso usa o mesmo motor turbo-diesel da picape L200, com ajustes para este SUV, que se mostrou bastante econômico em viagens por estradas asfaltadas. Rodando a 110/120 km/h, a média ficou nos 12 km/litro de diesel. Com boa retomada de velocidade, sua aceleração de 0 a 100 km/h gasta em torno de 12 segundos. A máxima seria de 180 km/h, mas a Mitsubishi não confirma estes dados. O isolamento acústico também foi aperfeiçoado e só se percebe que o motor é diesel praticamente na marcha lenta.
O câmbio automático de oito marchas está bem escalonado e com ótimo gerenciamento eletrônico. As quatro primeiras marchas mais curtas para estradas ruins, e a seguintes bastante alongadas para cruzar em boas rodovias. Sétima e oitava marchas são overdrive, para economia de combustível. A 100 km/h o motor vira a menos de 2.000 rpm.
Sua direção é bastante leve e precisa e, provavelmente pelas exigências do fora-de-estrada, tem assistência hidráulica e não elétrica. E no asfalto também surgem alguns dos novos recursos eletrônicos. Com uma câmera e sensores atrás do logotipo na grade dianteira, a Pajero conta até com frenagem automática em emergências, quando percebe que o motorista não está agindo rapidamente. O mesmo recurso permite programar velocidade de cruzeiro (“piloto automático”) e o Sport controla esta velocidade também pelo carro que vai a frente. Com estrada livre, acelera automaticamente até a máxima programada.
Mas, os recursos para enfrentar terra, pedra, areia e trilhas foram os que mais ganharam com a eletrônica. Além da “sopa de letras” que garante segurança, estabilidade, tração e frenagens em qualquer terreno, a transmissão foi mais do que maximizada. Conta com quatro seleções que através de um botão no console mudam a tração normal (4X2, só nas rodas traseiras) para outros três modos de 4X4. A primeira posição de tração nas quatro rodas pode ser inclusive usada no asfalto, para ter maior dirigibilidade sob chuva, por exemplo. A quarta posição bloqueia os dois diferenciais, permitindo sair de atoleiros mesmo que apenas uma roda tenha tração.
Assim, cheio de recursos atuais – como faróis de LEDs, conectividade e adaptação eletrônica ao tipo de terreno – o novo Pajero Sport pretende concorrer com o Chevrolet Trail Blazer, pela sua faixa de preço. Seu melhor argumento certamente será o de unir todo o luxo eletrônico de um SUV atual com a capacidade de enfrentar obstáculos como um jipe.
Mitsubishi Pajero Sport HPE
>Preço R$ 265.990
>À venda Disponível
>Motor Quatro cil., 2.442 cm3, 16 V, DOHC, 190 cv a 3.500 rpm, torque máximo de 43,9 kgfm 2.000 rpm (diesel)
>Transmissão Automática, com oito marchas; tração Super Select II 4WD
>Desempenho Não disponível
>Suspensão Dianteira independente; traseira, 3-link
>Comp. / largura / altura 4.785 / 1.815 / 1.805 mm
>Peso / material 2.095 kg / aço