Tetracampeão e equipe italiana surpreendem a quarentena da F1 com notícia; Sainz e Ricciardo são cotados para substituí-lo.
A quarentena provocada pela pandemia acabou ironicamente colocando um fim no isolamento de Sebastian Vettel dentro da Ferrari. Na notícia mais bombástica da F1 em 2020 – tirando, claro, os adiamentos e cancelamentos – a imprensa alemã ventilou e as duas partes confirmaram a separação no fim da temporada, caso ela realmente aconteça.
O clima já não era dos melhores há algum tempo. Após falhar na missão de ser campeão em seus primeiros anos com a escuderia italiana, o tetracampeão começou a minguar, errar, reclamar e a coisa só piorou com a chegada de Charles Leclerc, com quem sofreu até um acidente numa medição de forças desnecessária no último GP do Brasil.
Em cinco temporadas já disputadas, foram 14 vitórias, uma a mais que Fernando Alonso, outra aposta da Ferrari que, se no papel parecia infalível, na prática rendeu apenas duas disputas de título, em 2010 e 2012. Pela Ferrari, Vettel tem só três vitórias a mais que Felipe Massa e Rubens Barrichello – número bem abaixo do esperado para um primeiro piloto.
Mesmo saindo levemente enfraquecido, assim como Alonso, Vettel sai da Ferrari pela porta da frente, com o time demonstrando respeito pela decisão e pela competência do piloto alemão nas palavras de seu atual chefe, Mattia Binotto, em comunicado conjunto das duas partes.
“Essa foi uma decisão tomada em conjunto por nós e por Sebastian – a melhor paras ambos. Não foi uma decisão fácil, devido ao valor que Sebastian tem, como piloto e como pessoa. Não houve uma razão específica que levou a isso, além da crença comum de que era o momento de seguirmos outros caminhos para atingirmos nossos respectivos objetivos. Em nome de todos na Ferrari, eu quero agradecer Sebastian por seu grande profissionalismo e as qualidades que ele demonstrou ao longo desses cinco anos, onde dividimos grandes momentos, Ainda não conseguimos conquistar um mundial juntos, que seria o seu quinto, mas acho que podemos conseguir grandes coisas nessa temporada incomum de 2020”.
Da parte de Vettel, o respeito também deu o tom, mesmo rolando nos bastidores que ele teria recusado um contrato com duração e salário reduzidos. “A Scuderia Ferrari ocupa um lugar especial na Fórmula 1 e desejo a ela todo o sucesso que merece. Finalmente, quero agradecer a toda a família Ferrari e, acima de tudo, aos ‘Tifosi’ ao redor do mundo, pelo apoio que me deram ao longo dos anos. Meu objetivo imediato é finalizar essa fase com a Ferrari, na esperança de podermos dividir mais momentos belos juntos, para acrescentar à lista dos que já temos”.
Com tudo isso, duas questões pairam no ar. Uma delas é: Vettel se aposentará? Sem espaço nos outros principais times e a evidente falta de entusiasmo pode fazer o hoje veterano de 32 pendurar o capacete – pelo menos na principal categoria do automobilismo mundial.
A outra pergunta é a mais intrigante e agita o “paddock virtual” (afinal, estão todos em casa): quem assumirá seu lugar? A grande parte da mídia aponta para uma disputa entre dois nomes: Daniel Ricciardo, hoje na Renault, e Carlos Sainz, atualmente na McLaren.
Do lado de Ricciardo, contam a experiência, o carisma, a descendência italiana (mesmo que pequena) e a vontade de um equipamento vencedor – algo que ele foi buscar na França e a Renault não conseguiu ainda lhe entregar. Do lado de Sainz, um piloto em franca ascenção, jovem e maduro ao mesmo tempo – sem contar o fato de ter do lado uma lenda do esporte em seu pai, Carlos Sr. Porém, no caso de Sainz, existe uma McLaren em renascimento que provavelmente pensa nele como chave do negócio ao lado de Lando Norris, no importante público espanhol (e patrocínios que isso traz, como o da Estrella Galicia), e poderá ser uma pedra nessa negociação.
Tirando os dois, não restam muitas opções para a Ferrari – a não ser que ela trate Leclerc como tratou Michael Schumacher e se concentre apenas em um carro, sendo o outro um mero escudeiro – aí até pilotos de fora do grid, como Nico Hulkenberg, teriam chances. Em um exercício de imaginação, seria até legal ver um piloto mais velho que foi subaproveitado em sua passagem na F1, como Jean-Eric Vergne, bicampeão da Fórmula E, Stoffel Vandoorne, Pascar Werlheim e por aí vai…
Quem levará essa vaga? Façam suas apostas!
Uma certeza nós já temos: com a maioria de pilotos tendo seus contratos encerrados em 2020, provavelmente veremos uma dança de cadeiras muito, mas muito agitada!